Crise hídrica e alta demanda por termelétricas acinou a bandeira tarifária vermelha para Setembro (Imagem: Freepik)
O Brasil é amplamente reconhecido por seu imenso potencial para fontes renováveis de energia, principalmente a solar e eólica. Com territórios ensolarados e ventos fortes, especialmente no Nordeste, o país tem atraído grandes investimentos nesses setores. No entanto, apesar desse avanço e da crescente presença de sistemas de energia renovável na matriz energética nacional, o Brasil ainda depende das termelétricas para garantir o abastecimento, especialmente em momentos críticos.
A demanda energética no fim de tarde
Uma das principais razões para essa dependência é a chamada curva de demanda energética, que atinge seu pico no final da tarde, entre 17h e 21h. Nesse período, há um aumento considerável no uso de eletricidade, quando milhões de brasileiros chegam em casa após o trabalho e começam a utilizar eletrodomésticos, luzes e outros equipamentos. No entanto, é justamente nesse momento que a geração de energia solar começa a cair, pois o sol está se pondo e as usinas solares entram em declínio de produção.
A energia eólica, por sua vez, embora seja uma fonte relevante, não consegue suprir de forma integral essa lacuna, já que depende das variações dos ventos, que podem ser imprevisíveis. Assim, para atender essa demanda crescente, o sistema elétrico brasileiro precisa recorrer a fontes mais confiáveis e de resposta rápida. E é aí que entram as termelétricas.
Como funcionam as termelétricas?
As usinas termelétricas, que geram eletricidade a partir da queima de combustíveis fósseis como gás natural, carvão e óleo. Ao contrário das fontes renováveis, elas podem ser acionadas rapidamente e operar em alta capacidade, mesmo nos horários de maior consumo.
Contudo, essa solução não é isenta de desafios. A dependência de termelétricas tem implicações econômicas e ambientais. O Brasil, que tem uma das energias mais limpas do mundo, vê sua matriz elétrica ser “sujada” pelo aumento do uso dessas usinas. Além disso, o custo da energia gerada pelas termelétricas é significativamente mais alto do que o das fontes renováveis, o que se reflete diretamente na conta de luz do consumidor.
Crise hídrica é um dos principais motivos pela alta demanda das termelétricas
Outro fator que agrava a situação é a crise hídrica. As hidrelétricas, que historicamente sempre foram a principal fonte de geração de energia no Brasil, estão sendo preservadas devido à escassez de chuvas. Com os níveis dos reservatórios baixos, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem optado por reduzir a produção dessas usinas para evitar o esvaziamento completo dos reservatórios, garantindo assim o abastecimento futuro.
Essa preservação das hidrelétricas aumenta ainda mais a necessidade de acionamento das termelétricas. O cenário atual de baixo volume de chuvas e alta demanda tem colocado o Brasil em uma posição desafiadora, onde o uso de energia mais cara e poluente se torna inevitável.
Setembro terá bandeira vermelha, segundo a ANEEL
Para controlar o consumo e evitar o desperdício de energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a ativação da bandeira vermelha para o mês de setembro. O sistema de bandeiras tarifárias é uma forma de sinalizar ao consumidor o custo real da produção de energia, incentivando-o a reduzir o consumo em momentos críticos.
A dependência das termelétricas no Brasil não é apenas uma questão de falta de investimento em energias renováveis, mas uma resposta às necessidades imediatas de um sistema elétrico complexo. O país avança, mas ainda há desafios a serem superados para que a matriz energética seja verdadeiramente sustentável.