Pesquisadores defenderam que a energia solar não usa todo potencial de geração de energia e, como solução, propuseram um novo tipo de bateria. Imagem: Shutterstock
A urgência por diminuir as emissões de carbono na atmosfera promoveram o desenvolvimento de soluções criativas e mais sustentáveis. Se tornando cada vez mais popular, a energia solar ainda enfrenta desafios significativos, como a necessidade de melhores soluções de armazenamento. Com isso, pesquisadores da Universidade de Radboud, na Holanda, descobriram que o sal de cozinha (cloreto de sódio) pode ser a chave para resolver esse problema.
O novo método visa complementar uma pequena falha dos painéis fotovoltaicos, que é justamente seu armazenamento. Atualmente, não há uma forma de armazenar o calor que é produzido na superfície dos painéis para que possam ser utilizados posteriormente quando necessário. Assim, a energia que poderia ser gerada com esse calor, acaba desperdiçada.
No inverno, por exemplo, a incidência de luz solar é relativamente menor que no verão, o que não implica tanto na geração de energia pois ainda produz da mesma forma, mas não é aproveitada por completo.
As baterias de íon-lítio, apesar de populares no mercado, apresentam diversos problemas, e o sal de cozinha pode oferecer uma solução mais eficiente e acessível. No entanto, as baterias desenvolvidas não se tratam do sal de cozinha propriamente dito, mas sim, de elementos como o cloreto de estrôncio. O uso do sódio em baterias oferece não somente benefícios econômicos, como também ambientais, visto que ele é o sexto elemento mais comum no planeta (compõe cerca de 2,6% da crosta terrestre).
O sódio se destaca como uma opção viável para substituir as baterias de íon-lítio, pois além de ser mais seguro, o sódio oferece uma solução mais acessível e eficaz. Algumas empresas já estão avançando na transição para as baterias de sódio, com preços competitivos e maior segurança. Essa mudança tem o potencial de impulsionar significativamente o mercado de veículos elétricos, por exemplo.
Afinal, como funciona essa nova bateria?
De acordo com um dos pesquisadores, a nova bateria contém hidratos de sal, que basicamente são sais com água nos cristais. O dispositivo recarrega ao aquecer o sal e faz com que a água saia dos cristais liberando calor.
Para chegar na descoberta, o grupo avaliou centenas de sais em relação à disponibilidade, segurança e compactação. Cerca de 12 deles passaram da etapa inicial e foram testados novamente para observar se seriam recicláveis para que a bateria não precise ser substituída todos os anos. Esses testes realizados utilizaram um processo de colocar os sais em balanças de água e deixá-lo evaporar, depois, ao contrário, deixando que o vapor d’água fosse absorvido por ele.
Entre as inúmeras vantagens apresentadas em comparação com as baterias de íon-lítio, destacam-se a maior estabilidade térmica, durabilidade e tempo de carga reduzidos. Essas características fazem das baterias de sódio uma alternativa atrativa não apenas para painéis fotovoltaicos, mas também para outras aplicações que demandam armazenamento de energia seguro e eficiente.
Ao final da pesquisa, concluiu-se que o cloreto de estrôncio é o mais adequado para o processo de fabricação dessas baterias, tendo em vista que não é caro, aquece bem e permanece estável. Por enquanto, a ideia está em estágio inicial, mas acredita-se que essa pode ser uma opção ainda mais sustentável para aproveitar ao máximo da energia limpa e ainda armazenar calor para o inverno.